toc, toc...

Bati na porta; toc, toc, toc; toc, toc. Esperei, a porta não abriu, não fui atendido, mas sabia que havia gente por lá, a música do seu vinil preferido por estes dias estava tocando na sala; pensei inteligentemente: vinil é curto. E esperei mais, a última música, e o vinil acabou. Então fui e bati: toc, toc, toc, toc, toc. Ninguém atendeu. Grande filha da puta! Eu disse. E sentei no boteco em frente.

Um conhaque, qualquer um, e uma cerveja, qualquer uma, gelada. Eu pedi.

Grandessíssima filha da puta, abriu a gretinha da cortina, me viu sentado, e fechou rapidinho. Deixei meus óculos escuros sobre a mesa como garantia pro senhor que me serviu e fui lá. Toc, toc, toc; toc, toc. E voltei pra minha mesa sem sucesso.

Dadas cinco, seis horas de espera, paguei a conta, voltei até à porta e toc, toc, toc; toc, toc. A porta se abriu e olhei fundo nos olhos, praticamente só deu tempo para vomitar no tapete. Ô... peraí, peraí! Eu disse. Mas, filha da puta! Filha da puta! E eu já estava na rua ouvindo os trincos da porta, e depois voltando pra casa.

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